Sintegração

O tema da minha primeira rodada foi "Discutir a diferença entre virtual e digital na arte e na arquitetura" e fui crítica (não tive muito tempo para fazê-la, já que fui a última a falar, mas foi uma boa experiência relatar os problemas que vi no decorrer do debate e como conseguiram construir uma ideia final em conjunto, considerando que no início cada tinha uma ideia diferente. Nessa rodada a discussão começou bem devagar e os debatedores discutiam o que era virtual e o que era digital, alguns deles ainda não tinham entendido muito bem os conceitos. Mas, no fim da experiência, chegaram ao consenso de que virtual é quando o objeto/situação se adapta à experiência do interpretante, onde ele tem um papel a desenvolver e não é só público, é parte. O virtual é um processo, digital ou não, que traz abertura para diferentes interpretações, que deixa o objeto/situação programática, é, também, uma forma de ver e solucionar problemas, se trata de interações e não reações, é uma experiência única para cada um que se encontra naquela situação, com a bagagem própria, naquele momento. Já o digital é apenas uma ferramenta que pode ajudar a se chegar no virtual, mas não quer dizer que sejam similares.

A segunda rodada teve o tema: "Problematizar as possibilidades na cidade tanto do modelo convencional de arquitetura, pautado por produção–consumo, quanto do modelo alternativo, no qual o ocupante tem papel principal na configuração do espaço que habita (conforme proposto por Haque)" e fui debatedora. A discussão começou muito bem e foi muito fluida até o fim, discutimos as ideias de acordo com o que pregavam, sendo o modelo convencional baseado no lucro e na reação, um sistema muito limitado e o modelo alternativo proposto por Haque baseado na mutabilidade, adaptação e interatividade, um sistema que ao contrário do outro é muito abrangente. Depois dessas definições, a discussão foi como fazer o modelo alternativo, se não seria algo muito individualizado e caótico ou se seria a solução de vários problemas, não chegamos a uma resposta definitiva e a discussão se tornou se essa possibilidade é utópica ou não, outra pergunta que não conseguimos responder, já que, apesar da construção do familistério, empregar esse modelo numa escala maior implicaria numa mudança de mentalidade de toda a sociedade.

Na terceira rodada fui debatedora novamente e o tema foi "Discutir "objeto" (quase-objeto, não-objeto) como obstáculo para remoção de obstáculos pensando em como obstacularizar o mínimo possível". O debate começou com o tema a partir do livro de Flusser, o objeto se torna um obstáculo, então criamos mais objetos para tirar esses obstáculos, mas que não deixam, também, de se tornarem obstáculos, sendo assim, definimos que objetos, antes de serem criados e jogados ao mundo, devem ser pensados, devem ter funcionalidade e não devem se tornar obstáculos, já que tudo isso gera lixo, poluição, dados aos montes, modificando até mesmo a mentalidade da sociedade de forma negativa. A partir daqui, essa discussão se mostrou muito difícil, já que o conceito de não-objeto não tinha ficado claro para de nós, debatedoras. Entretanto, o definimos, depois de muito pensar e discutir, como sendo um objeto que vai além de sua função, que proporciona experiências sensoriais e mentais, um objeto especial, que não se tornaria um obstáculo.

Minha última rodada teve o tema "Discutir a relação função/sentido do objeto no mundo em contraponto à abertura do não-objeto" e fui observadora (muito difícil não se manifestar na discussão). Uma das debatedoras dessa rodada, estava na discussão anterior comigo e, mesmo que tivéssemos definido o conceito, não conseguimos elaborar melhor a ideia por causa do tempo. Sendo assim, a discussão começou com a temática do não-objeto, que foi novamente definido de uma forma maias concisa pelo novo grupo, que citou o objeto especial como sendo fonte de potencial, como magia, uma experiência que não sabemos como acontece, mas que também não é apenas uma cadeia de reação, como citado no livro de Ana Baltazar. Surgiu também uma pequena discussão sobre se uma matéria-prima é um objeto simples ou um não objeto, mas não ficou bem definido. O que ficou definido foi que tudo depende do referencial, que nesse caso é quem tá vendo e sua bagagem (voltando à ideia de virtualidade do primeiro tema, interpretações diferentes, que geram funções diferentes para cada coisa e em que o referencial faz parte da experiência). Funções pré-estabelecidas não dão a abertura que existe em não-objetos de serem exatamente o que cada um precisa.

Ao fim da dinâmica, ficou claro que todos os temas se interligavam, assim como os livros. Foi uma experiência muito rica e de muito aprendizado.

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